
A expressão bordões linguísticos portugueses está a dar-lhe vontade de não ler este artigo? Fique por aqui, por favor! Nós explicamos-lhe o que são bordões linguísticos e apresentamos-lhe alguns dos mais frequentes em Portugal.
Um bordão linguístico é uma palavra ou expressão vazia de sentido e sem qualquer função morfossintática. Também conhecidas como bengalas linguísticas estas palavras ou expressões tendem a repetir-se no discurso oral, como um apoio nos momentos em que o locutor hesita ou tem necessidade de pensar no seu discurso, (re)formulando-o. Em geral, os bordões linguísticos são usados de forma inconsciente pelos falantes.
Como são palavras ou expressões sem qualquer sentido associado, podem causar alguma confusão a falantes não nativos de português. Para evitar que se sinta perdido(a) quando comunicar com algum português, damos-lhe acesso a uma lista de 5 bordões linguísticos portugueses.
5 bordões linguísticos portugueses
1 – Tipo
“Chego, tipo, às 18h porque, tipo, quando saí do trabalho havia, tipo, filas de 2 km para sair da cidade, estava tudo, tipo, caótico.“
Seria perfeitamente possível ouvir esta frase dita por um português, especialmente, por um português de uma faixa etária mais jovem.
Originalmente, a palavra “tipo (de)” significa “espécie (de qualquer coisa)”. Ao transformar-se num bordão linguístico, perdeu o seu sentido, passando a ser usada para iniciar e/ou pontuar o discurso ou revelar alguma imprecisão no que se diz. Se tem curiosidade para saber mais sobre este bordão linguístico, leia este artigo do jornal Público.
2 – Pá
“Pá, estou a ligar-te para saber se jantamos hoje. É que, pá, nunca mais disseste nada.“
A palavra “pá”, em português, pode surgir como um vocativo ou uma forma de incitar o interlocutor. Sendo produzido repetidamente e de forma inconsciente, como qualquer bordão, em muitas situações, torna-se difícil associar-lhe qualquer função específica, tal como a de vocativo.
3 – Então
“Então, vamos para o Porto no carro da Júlia e depois voltamos de comboio.”
A palavra “então”, em português, pode ter o sentido de “naquele tempo”, “naquela ocasião”, “em tal caso”.
Quando desprovida do seu sentido original, esta bengala linguística utiliza-se, frequentemente, no início do discurso, como forma de tomar a palavra. Por vezes, pode ocorrer também no meio do discurso, conforme nos mostra a crónica humorística de Ricardo Araújo Pereira, que analisa a presença da palavra “então” no discurso jornalístico. Leia a crónica aqui.
4 – ‘Tá(s) a ver?
“Não queria ir para a praia às 13h, está demasiado calor, ‘tá(s) a ver?“.
A expressão “(es)tá(s) a ver?” não se relaciona com a visão, ao contrário do que pode parecer. Normalmente, este bordão linguístico surge no fim de uma frase, reforçando a interação com o interlocutor. Esta expressão pode ser interpretada como equivalendo à expressão “entende(s)?”.
5 – Não é verdade?
“Uma pessoa tem de trabalhar para ganhar dinheiro, não é verdade? Também não vamos ficar todos sentados no sofá à espera de nos tornarmos milionários, n’é?“
À semelhança de “‘Tás a ver?”, o bordão “Não é verdade?” insere-se no grupo dos bordões linguísticos que parecem chamar o interlocutor para a conversa, reforçando a interação. “Não é verdade?” ou, nas formas mais simplificadas “não é?” ou “n’é?”, é uma expressão que parece procurar a validação do interlocutor. Na realidade, se alguém lhe perguntar “não é verdade?”, não se sinta na obrigação de dar uma resposta. Provavelmente, nem lhe será dado o tempo suficiente para responder!
Pá, agora que já conhece, tipo, alguns bordões linguísticos, não vai ter problemas nenhuns em entender os nativos, ‘tá a ver? Então, se quiser conhecer outras expressões tipicamente portuguesas, deve explorar os artigos do nosso blogue, não é verdade? Leia este artigo sobre expressões idiomáticas do português e conheça também 7 provérbios portugueses aqui.
Para não perder nenhuma novidade sobre a língua e cultura portuguesas, não se esqueça de subscrever a nossa newsletter aqui!